Gostos trazidos da infância, a música e a dança pontuaram desde cedo a filmografia de Carlos Saura, em filmes como Bodas de Sangue (1981), Carmen (1983), El Amor Brujo (1986), Sevilhanas (1991), Flamenco (1995), Tango (1997), Salomé (2002), Iberia (2005), Fados (2007), Don Giovanni (2009), Flamenco, Flamenco (2010) ou Jota (2016). Nos seus filmes, Saura procura ir de encontro ao velho sonho dos alvores da cinematografia: preservar, para a posteridade, a performance dos grandes músicos. Com uma atitude de profundo respeito pela herança patrimonial do passado, o olhar de Saura parece documentar e conservar para memória futura, a arte dos grandes intérpretes da música popular, palco privilegiado do efémero.
Dez anos volvidos sobre a estreia do filme, a exposição FADOS pretende revisitar a viagem do realizador Carlos Saura pelo universo do Fado, através dos seus fotosaurios (fotografias pintadas) e story boards, desenhos e anotações, pinturas, guiões e adereços que testemunharam e acompanharam a construção do seu olhar sobre a canção urbana de Lisboa.
Caminho multidisciplinar, o mosaico desta viagem estrutura-se a partir das várias artes, em exposição, segundo a premissa do realizador: o desenho, a fotografia, a escrita, a música e o cinema estão intimamente relacionados, tão relacionados dentro de mim que não poderia prescindir de nenhum1. Revisitação do filme, a exposição FADOS ilustra ainda os bastidores onde alguns dos expoentes vivos do género - Carlos do Carmo, Ricardo Ribeiro, Mariza ou Carminho, entre outros - nos dão o seu testemunho sobre este encontro de culturas que há séculos convivem na nossa península, compartilhando geografias e influências.
Carlos Saura, “Sobre mis dibujos”, Las fotografias pintadas de Carlos Saura, El Gran Caíd, Madrid, 2005
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