LUÍS SEPÚLVEDA O escritor das fábulas mágicas
Morreu, aos 70 anos, Luis Sepúlveda, vítima de infeção pelo novo coronavírus. Deixa uma vasta obra literária, um autêntico “exercício de memória”, onde a fábula, melhor género para conhecer o ser humano “à distância”, como dizia, se convertia num pretexto para se debruçar sobre as personagens que foi conhecendo ao longo da vida. Porque a escrita não fazia parte de uma terapia para curar feridas do passado. A escrita era sempre parte do presente do autor.
Sepúlveda foi, e em primeiro lugar, fruto de uma época que só poderia convertê-lo num contador de histórias. A ditadura de Augusto Pinochet, a guerra do Vietname, a descolonização em África, a revolução cubana, o maio de 68 antes do maio de 68 francês. E a Guerra Fria, que foi useira e vezeira da América Latina. De criança à vida adulta, o escritor chileno esteve sempre um pouco por dentro das convulsões sociais da segunda metade do século XX.
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