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Ler e pensar na era digital

Biénio - 2016/2018 
Projeto para a inovação pedagógica na gestão curricular de Filosofia, Literatura, História, Economia e outras disciplinas humanísticas do ensino secundário em parceria com outras escolas.
Introdução
Com o presente projeto pretende-se responder à necessidade, reconhecida pelo Ministério da Educação e identificada pelos relatórios da OCDE, de promoção de formas flexíveis e inovadoras de gestão do curriculum, capazes de ter em conta as implicações da revolução tecnológica em curso no funcionamento da escola e nas formas de ensino/aprendizagem.
É sabido que o desfasamento entre adesão dos jovens às novas tecnologias de informação e comunicação e as práticas pedagógicas tradicionais instituídas na esmagadora maioria das escolas consideradas de excelência é um dos fatores de insucesso para um certo número de alunos, rapidamente lançados num ciclo recorrente de desmotivação e indisciplina.

De facto, mesmo nas escolas bem equipadas, onde o ensino incorpora as TIC, essa incorporação visa apenas “motivar “ e tornar mais apelativos conteúdos que continuam a ser apresentadas de forma magistral, pressuposto a atitude mais ou menos passiva do aluno. Esta forma de incorporação das  TIC ignora que na sociedade do conhecimento do século XXI as competências exigidas às pessoas, enquanto cidadãos e enquanto trabalhadores, serão radicalmente diferentes daquelas que eram requeridas pelas sociedades modernas.
Visamos, pois, com o presente projeto dar um  contributo para relançar  o ensino da Filosofia e a área das Humanidades, em geral, no sentido de uma efetiva contribuição não apenas para o aumento da motivação e do sucesso dos alunos em risco de exclusão, como também para apetrechar todos os jovens com um conjunto de competências reflexivas e hermenêuticas básicas necessárias para enfrentar os desafios colocados pela impacto do desenvolvimento tecnológico.
Este projeto vai no sentido do estipulado no Despacho normativo nº 4-A/2016, de 16/06  sobre a  Organização do ano letivo 2016/2017 que, no artigo 2, alíneas e , f e g recomenda ás escolas a  criação de condições para a implementação de projetos inovadores visando combater o insucesso e o abandono escolares e artigo 10, alíneas 2, b),i) .
Sendo um projeto pensado para dois anos, no primeiro seria implementado apenas nalgumas turmas do décimo ano, tendo continuidade nas mesmas turmas do décimo primeiro.
Objetivos
·        Restaurar os hábitos de leitura - de obras de referência da tradição literária e filosófica - em risco de desaparecimento, pela preponderância da comunicação audiovisual.
·        Alargar a visão da condição humana pelas diversas narrativas propiciadoras do desenvolvimento da reflexão, da discussão e da partilha em contexto escolar.
·        Reforçar competências de pesquisa, seleção e integração da informação disponível no espaço Web e na BE.
·        Recorrer às novas tecnologias de comunicação para promover o acesso ao livro, estimular a diversificação das atividades de leitura e a informação sobre livros e autores
·        Desenvolver competências de comunicação escrita em suporte digital no espaço aberto da Web.
·        Criar instrumentos de avaliação utilizáveis em contexto escolar que permitam aos docentes monitorizar o desenvolvimento da leitura e da escrita.
·        Criar uma consciência crítica e eticamente informada sobre o papel das tecnologias na sociedade contemporânea.

Atividades
- gerir até um quarto do programa  da disciplina de Filosofia do 10º ano  através de trabalhos de pesquisa individuais e em grupo.
- criar suportes digitais para comunicação e partilha dos alunos das várias turmas e escolas ( blogue, página de Facebook ou outras)
- introduzir a leitura orientada de pequenas obras na modalidade mais adaptada a cada turma e escola ( comunidade de leitores, leitura em sala de aula, leitura autónoma, círculo de leitores).
- promover  sessões de argumentação e debate  abertos à escola  sobre as temáticas centrais  selecionadas para o 10º ano , designadamente os temas de ética, política e direito,  com a eventual, colaboração de especialistas.
- promover a colaboração interdisciplinar com os professores de Línguas e de Ciências Sociais e Humanas na realização das diversas atividades.
- reforçar o papel das bibliotecas escolares e municipais de proximidade, designadamente através da criação de círculos ou comunidades de leitores.

Jacques-Louis David – Despedida de Sócrates

 «[…] Não é hiperbólico afirmar que Sócrates e Jesus ocupam uma posição central  na nossa  civilização. As narrativas de paixão inspiradas pelas suas mortes deram origem ao alfabeto interior, aos reconhecimentos codificados de grande parte da nossa linguagem moral, filosófica e teológica. Permanecem transcendentes mesmo em espaços essencialmente imanentes, e introduziram na consciência ocidental uma tristeza irremediável, bem como uma febre de esperança. As similitudes, paralelismos e contrastes entre os dois Mestres originaram exegeses religiosas, hermenêuticas morais e filosóficas, mas também o estudo dos géneros poéticos e das técnicas dramáticas. É virtualmente impossível compreender a evolução do intelecto ocidental de Herder a Hegel, de Kierkegaard a Nietzsche e Lev Chestov, sem as presenças inspiradoras de Sócrates e de Jesus. A iconografia é igualmente extensa. Na célebre pintura da despedida de Sócrates, Jacques-Louis David representa o sábio de dedo erguido, evocando deliberadamente um dos gestos de Jesus.» Steiner, G., As Lições dos Mestres, Lisboa, Gradiva Pub., 2011, pp. 50-51.

 Início dos trabalhos em cooperação com as escolas envolvidas no projeto: leitura e comentário do Críton de Platão, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1993, pp 111 -127.

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