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Palestra sobre o tema/problema de Filosofia: O que é a guerra? Há guerras justas?

No dia 26 de maio de 2015, pelas 11:45 h, na Biblioteca Navegar, realizou-se uma Palestra subordinada ao tema: “O que é a guerra? Há guerras justas?”, com a participação especial do Professor Doutor Alexandre Franco de Sá.
(Universidade de Coimbra – Departamento de Filosofia).
Participaram as turmas A e B do 10º Ano de Filosofia, cujo programa integra um tema problema do mundo contemporâneo.
A abertura da palestra contou com a participação da Professora Maria João Basílio que selecionou o poema de Joaquim Pessoa e orientou os alunos na declamação.

PEQUENA BALADA DO SOLDADO ALIADO
Irá que o seu dever é ir.
Irá que assim lhe ordenaram.
Irá que é lá que está o inimigo.
Irá que o regime tem de cair.
Irá que a democracia deve impor-se.
Irá que uma nova ordem é precisa.
Irá que a vontade do povo não conta.
Irá que a paz faz-se com a guerra.
Irá que os mortos deles não se choram.
Irá que os vivos deles não se importam.
Irá que os filhos deles não são seus.
Irá que um herói deve lá estar.
Irá que Deus está com ele.
Irá que só Allah está com os outros.
Virá?
Autor: Joaquim Pessoa
(Março de 2003)
Um dos textos para reflexão




«[…] o poder é, na verdade, a essência de todos os governos, mas o mesmo não acontece com a violência. A violência é, por natureza instrumental; como todos os meios, requer sempre justificação através do fim que visa. E o que tem necessidade de justificação por outra coisa não pode ser a essência. O fim da guerra - tomando a palavra “fim” no seu duplo sentido – é a paz ou a vitória; mas para a pergunta - Eque é o fim da paz ? – não há resposta.  A paz é um absoluto, ainda que, na história conhecida, os períodos de guerra tenham quase sempre perdurado mais do que os períodos de paz. O poder pertence à mesma categoria; é, como se costuma dizer, “um fim em si próprio”.
[…] E uma vez que o governo é essencialmente poder organizado e institucionalizado, a pergunta costumada – Qual o fim do governo? – também não faz muito sentido. A resposta será tautológica – permitir aos homens que vivam juntos – ou perigosamente utópica – promover a felicidade, realizar a sociedade sem classes, ou qualquer outro ideal não político, que, bem vistas as coisas, não poderá deixar de desembocar numa ou outra espécie de tirania.
[…] O poder e a violência, embora sejam fenómenos diferentes, surgem habitualmente juntos. Sempre que se combinam, é o poder, como já sabemos, o fator primeiro e predominante. Todavia, a situação é inteiramente diferente quando lidamos com ambos no seu estado puro, como acontece, por exemplo, quando ocorre uma invasão e uma ocupação estrangeiras. Vimos que a identificação da violência com o poder assenta na concessão do governo como dominação de um homem sobre outros homens por meio da violência.

Arendt, H., Sobre a Violência, Lisboa; Relógio D’ Àgua, 2014,pp.55-57




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