PRELÚDIO DE NATAL
Tudo
principiava
pela cúmplice neblina
que vinha perfumada
de lenha e tangerinas
pela cúmplice neblina
que vinha perfumada
de lenha e tangerinas
Só
depois se rasgava
a primeira cortina
E dispersa e dourada
no palco das vitrinas
a primeira cortina
E dispersa e dourada
no palco das vitrinas
a
festa começava
entre odor a resina
e gosto a noz-moscada
e vozes femininas
entre odor a resina
e gosto a noz-moscada
e vozes femininas
A
cidade ficava
sob a luz vespertina
pelas montras cercada
de paisagens alpinas.
sob a luz vespertina
pelas montras cercada
de paisagens alpinas.
David Mourão-Ferreira
Natal Divino
Natal divino ao rés-do-chão
humano,
Sem um anjo a cantar a cada ouvido.
Encolhido
À lareira,
Ao que pergunto
Respondo
Com as achas que vou pondo
Na fogueira.
Sem um anjo a cantar a cada ouvido.
Encolhido
À lareira,
Ao que pergunto
Respondo
Com as achas que vou pondo
Na fogueira.
O mito apenas velado
Como um cadáver
Familiar…
E neve, neve, a caiar
De triste melancolia
Os caminhos onde um dia
Vi os Magos galopar…
Como um cadáver
Familiar…
E neve, neve, a caiar
De triste melancolia
Os caminhos onde um dia
Vi os Magos galopar…
Miguel Torga
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